março 29, 2006

História da Fundação Eugénio de Andrade

"Há uns anos já que aos Domingos, ao principio da tarde, costumamos encontrar o Eugénio de Andrade num café perto do Jardim de S.Lázaro. Roda de amigos, pequena mas fiel, uma espécie de tertúlia à maneira do Porto antigo, que se junta cedo porque o poeta almoça pelo meio dia.

Em Fevereiro do ano passado, num desses encontros, Eugénio de Andrade falou-nos de um texto que havia escrito - uma espécie de rendição ao Porto. Apesar de nos prevenir de que talvez não coubéssemos todos na sala, fomos a sua casa, ali ao lado e, durante minutos, ouvimo-lo dizer “um estilo de ser Português”. A leitura, a qualidade do texto, a sua sensível observação do Porto tocaram-nos profundamente. Já na rua, apesar da chuva miudinha, ficámos uma boa meia hora a conversar, sobre o texto, mas também sobre o autor e o espaço em que vive. Comentamos que, noutro pais, este homem com esta obra, disporia com certeza de uma casa adequada. Em Portugal fazem-se casas–museus aos mortos. E aí resolvemos meter mãos à obra.

O Eugénio de Andrade precisava de uma casa com espaço para trabalhar, receber os amigos e estudiosos, albergar livros, quadros, cartas e manuscritos. O Porto devia-lhe: escolhera a cidade há quarenta anos para viver, os seus escritos sobre ela são dos melhores que conhecemos. Pensamos, depois, em integrar nessa casa uma instituição para estudo e divulgação da sua obra.

Mercê da boa vontade do Eng. Armando Pimentel, membro da actual vereação da Câmara, conseguimos uma entrevista com o seu Presidente, Dr. Fernando Gomes, que acolheu com entusiasmo a ideia. Também o Eugénio de Andrade, depois de alguma hesitação, acabou por aceitar a fundação que teria o seu nome, com a condição de não fazer parte dos seus corpos gerentes. Pouco tempo depois surgia a casa do Passeio Alegre. Tinha, iniciado a Fundação
Eugénio de Andrade.

In - http://www.fundacaoeugenioandrade.pt/historia_fr1.htm