março 28, 2006

Museu da Língua Portuguesa... em São Paulo (BR)

“A Estação da Luz, em São Paulo, abriga o Museu da Língua Portuguesa – inaugurado oficialmente ontem [20.Mar.2006] –, o único espaço do mundo totalmente dedicado ao idioma natural de um país. Além da interatividade e da alta tecnologia, o museu abriga um vasto conteúdo sobre linguagem, história da língua, os inúmeros idiomas que ajudaram a formá-la, as formas que ela assume no cotidiano, a criação da língua na literatura brasileira, entre outros assuntos, que são apresentados em diversas mídias e espaços do local. O projeto foi orçado em R$ 37 milhões e a realização é da Fundação Roberto Marinho e da Secretaria da Cultura do
Estado de São Paulo, com o incentivo da Lei Rouanet.

Segundo Marcello Dantas, formado em cinema e televisão pela Universidade de Nova York, diretor artístico do espaço, o projeto apresenta novo conceito. ‘Não é memorial ou biblioteca. Para se falar de língua precisamos criar um conceito diferente, que não é nem objetual, nem estanque, mas sim mutante e dinâmico. As pessoas que forem ao museu hoje irão encontrá-lo diferente amanhã. Ele fala a linguagem do século 21 e incorpora a vontade de expectador’, conta o diretor.

Em vez de passear por uma sucessão de objetos e textos presos às paredes, o público é convidado para uma viagem sensorial pelo idioma, que inclui filmes, audição de leituras e até jogos. ‘O tempo todo estamos lidando com a mistura do erudito com o popular. A língua é de todos, pode ser oral, escrita, cantada, musicada, dançada’, fala Dantas, que também é responsável pela produção da projeção da Praça da Língua e de alguns dos filmes da Grande Galeria, dois locais multimídias do museu, onde são realizadas atividades.

Na Praça da Língua, uma espécie de planetário, o público encontrará uma antologia da literatura brasileira escolhida por José Miguel Wisnik e Arthur Nestrovski. Textos de autores, como Gonçalves Dias, Machado de Assis e Oswald de Andrade, serão misturados a letras do cancioneiro popular. Imagens e palavras são projetadas no teto, reforçando a idéia de um planetário. Os textos são refletidos no chão, num imenso círculo feito de vidro escuro, que também contribui com a sensação de que o visitante chegou a uma praça. A antologia é ouvida na voz de narradores, como Chico Buarque, Zélia Duncan e Matheus Natchtergaele.

Além da praça, o público encontrará a Árvore da Língua, criada pelo arquiteto e designer Rafic Farah, e complementada por uma mantra de Arnaldo Antunes, que em suas folhas são projetados os contornos de vários objetos e suas raízes são formadas por diversas palavras. O Auditório vai tratar da origem da linguagem e das línguas, da multiplicidade das línguas do mundo e do fenômeno específico do português do Brasil.

Já na Grande Galeria serão exibidos 11 filmes que tratam de temas diversos sobre a linguagem. Nas Palavras Cruzadas, oito totens são dedicados às influências das línguas e dos povos que contribuíram para formar o português do Brasil. O Museu também têm espaço para a Linha do Tempo da História da Língua Portuguesa. O Beco das Palavras abriga um jogo eletrônico interativo, que permite brincar com a criação de palavras e, ao mesmo tempo, aprender sobre a etimologia dos termos. ‘Lá as palavras viram conceitos’, fala Dantas. ”

In: Jornal de Piracicaba, 21/03/006