março 20, 2006

Globalização


Transmitir mensagens é para muitos uma forma quase espontânea de comunicar, é talvez uma das primeiras coisas que se faz, assim que se vem ao mundo. A sabedoria está em fazer com que essa mensagem seja verdadeiramente compreendida pelo receptor.

A diversidade com que, nos dias que correm, se pode fazer circular ideias, tem influência na forma como se comunica. O verdadeiro significado das coisas diverge e é absorvido consoante cada meio cultural, daí termos necessidade de encontrar signos e aplicá-los como ciências quase exactas, eu seja, criar certos convencionalismos linguísticos para que posámos comunicar de forma inteligível.

A forma como certas mensagens são direccionadas pode por vezes induzir o receptor em erro, se este, não adquirir alguma astúcia, numa sociedade em que, nem tudo o que é parece e por vezes o que à partida pode parecer clarividente, por outro lado, pode ter uma infinitude de significados. Neste sentido, quem é atingido pelas diversas formas de comunicar tem que possuir capacidade de decifrar mensagens e conhecer a verdadeira arte da comunicação. Deste modo, o receptor não pode adoptar uma postura passiva, sob pena de se deixar manipular pelos diversos meios de comunicação.

O que à partida nos pode parecer uma simples notícia onde os factos são claramente divulgados, na maioria das vezes, o que se observa são tentativas de manipulação e controlo do pensamento humano, no sentido de atingir objectivos à priori estipulados. Observa-se uma relação de causa-efeito perante a construção de personalidades. Na tentativa de explicar esta perspectiva, Noelle Newman aponta três características dos mass media: o conceito de acumulação, que consiste em efeitos que não são pontuais mas consequências ligadas à repetição contínua da produção de comunicações de massas. De seguida vem a consonância, que se associa ao facto das semelhanças existentes nos processos produtivos de informação serem mais significativos do que as diferenças, conduzindo assim a mensagens mais semelhantes do que dissemelhantes. Finalmente, o conceito de omnipresença diz respeito à difusão quantitativa dos mass media e ao facto de o saber público ter um carácter particular: É do conhecimento público que esse saber é publicamente conhecido.

Isto reforça a disponibilidade para a expressão e para a evidência dos pontos de vista difundidos pelos mass media e daí o poder que essa evidencia tem sobre aqueles que não formaram ainda uma opinião própria. O resultado final, é que muitas vezes a repartição da opinião pública se regula pela opinião reproduzida pelos meios de comunicação e se adapta a ela, segundo um esquema de conjecturas que se auto-verificam.

Não obstante, as mensagens quando são produzidas não produzem elementos do mundo, mas produzem-nos, neste sentido, os receptores têm de saber decifrar alguns fragmentos de mensagens, para através de um elo de ligação estarem aptos para as contextualizarem e assim estruturarem um raciocino de acordo com as próprias condutas. Como por exemplo, uma mensagem que esteja directamente ligada às minhas actuais preocupações será evidentemente menos complexa do que uma que não faça parte do meu universo sensível. Deste modo, será muito mais fácil captar mensagens que façam parte das nossas realidades, assimilando-as e decifrando-as, do que, pelo contrário, ouvir uma mensagem que nunca a priori tenha sido conhecida, assim, a forma como a recebemos é feita com alguma complexidade porque não nos diz directamente respeito, logo, não desperta todo o nosso interesse.