O cadeirão vazio que estava ocupado

Vieste sem pedir licença, puxaste uma cadeira e acomodaste-te a ela. O cadeirão vermelho ao lado esquerdo estava vazio e tu estavas cansado a precisar de refugio. Ainda tentei perguntar o que querias de mim e porque tinha sido a minha sala a escolhida, mas tu também não sabias como tinhas ido ali parar. A descoberta era recíproca.

Estava a achar muito estranha a forma como te sentavas, estavas demasiado acomodado àquele cadeirão vazio. De súbito senti-me indisposta e perdida... eras tu quem estava ao meu lado e cada vez que rodava a cabeça para te ver, sentia que estavas no cadeirão para sempre. Levantavas-te todas as vezes que quisesses, mas o cadeirão vermelho permanecia ocupado por ti. Quando tentaste deixar o lugar desocupado, a tua imagem continuava lá... impavida e serena.

Um dia guardei o cadeirão porque todos se queriam lá sentar e a realidade é que eu era a única que o via ocupado.

Hoje permanece no lado esquerdo da sala, mas nunca mais esteve vazio. Quantos mais nele se tentaram sentar, mais bonito ficava o cadeirão vazio, ao lado esquerdo da sala...

Por Susana Ribeiro no Blog "Be Different" - http://suzinharibeiro.blogspot.com